Breve histórico de Cristina entre
1900 a 1950.
Francisco José Ribeiro Sobrinho 1906
Godofredo Pinto da Fonseca 1908 / 1916 / 1919
Nasceu no ano de 1870 em Cristina e faleceu também em Cristina em 14 de outubro de 1956 aos 86 anos de idade. Era casado com D. Ernestina de Castro Fonseca, em regime de comunhão de bens. Dessa união nasceram os seguintes filhos: Maria Fonseca, Godofredo Pinto da Fonseca Filho, Onílio Fonseca, Ibrahim Pinto da Fonseca e Lauro Pinto da Fonseca.
Godofredo Pinto da Fonseca tomou posse como Agente do Executivo, pela primeira vez em 2 de janeiro de 1908, conforme consta em ata do Livro de Posse de Empregados, daquela época. No referido livro está escrito:
“Aos dois dias do mês de janeiro de 1908 nesta cidade de Christina e Município do mesmo nome na sala da Câmara Municipal eleita e procedendo a eleição de seu Presidente foi eleito o cidadão Godofredo Pinto da Fonseca que perante a mesma Câmara reunida e o seu presidente interino e depois do compromisso legal prometeu perante a mesma Câmara de exercer as funções para que fora eleito como Presidente da Câmara e Agente Executivo do Município, tendo em mira o bem estar da população e o engrandecimento do Município, promovendo tudo quanto for de sua gestão de acordo com a Câmara Municipal da qual recebeu neste momento o compromisso do mandato. Do que para constar lavrou-se este termo que assigna o presidente empossado e os vereadores”…
Os vereadores que compuseram a Câmara neste período foram além de Godofredo Pinto da Fonseca, João Batista da Fonseca, José Custódio Antunes, Sebastião Capistrano de Negreiros, Benedito Pereira de Castro, Pedro Carneiro de Rezende, Albertino Dias Ferraz, Francisco José Barbosa e Francisco Correia de Carvalho.
Em 1912 nova Câmara foi eleita com o Sr. Albertino Dias Ferraz como Presidente e como vereadores: Godofredo Pinto da Fonseca, Pedro Carneiro de Rezende, Samuel Augusto de Salles, Francisco Eugênio Ferraz, José Francisco Barbosa, João Batista da Fonseca, Edmundo Teixeira de Carvalho, Adeodato de Andrade Pereira, Silvino Ribeiro de Negreiros.
Em 1916 Godofredo Pinto da Fonseca foi novamente eleito Presidente da Câmara e Agente Executivo, sendo vereadores de seu mandato: o Sr. Albertino Dias Ferraz, Edmundo Teixeira de Carvalho, Pedro José de Souza Carvalho, José Joaquim de Carvalho, Adeodato de Andrade Pereira, João Batista da Fonseca, Francisco José Barbosa, Alfredo José Pereira.
Consta em ata de 1 de outubro de 1919 que o Sr. Godofredo Pinto da Fonseca nomeou um professor de música para a cidade, o cidadão Bento Gonçalves Ribeiro da Lavra que jurou exercer fielmente o cargo de acordo com a lei nº 129, de 14 de junho de 1919.
O Capitão Godofredo Pinto da Fonseca era casado com dona Ernestina de Castro Fonseca e era um próspero comerciante do município, além de chefe político de prestígio, chegando a permanecer no cargo de Presidente da Câmara (Hoje equivalente a Prefeito), por quatro anos seguidos, que correspondem a 16 anos. Pai de quatro filhos, entre eles Godofredo Pinto da Fonseca Filho (comerciante) e Ibrahim Pinto da Fonseca (médico) e que mais tarde foi Prefeito da cidade.
Obras realizadas em seu governo:
Durante sua gestão Cristina passou por uma fase de grande progresso com a:
Vinda da luz elétrica,
Construção da praça Santo Antonio, pelo do Dr. Fausto Dias Ferraz para homenagear seu falecido irmão Dr. Silvestre Dias Ferraz Júnior.
A ILUMINAÇÃO:
Cristina nem sempre teve o tipo de iluminação hoje adotada.
Até 1905 a iluminação da cidade era feita por lampiões, cuja manutenção cabia diariamente a um fiscal e um contínuo da Câmara. Estes limpavam e preparavam os lampiões para acender (1), repetindo toda manhã estes serviços: de manhã eram apagados e à tarde acesos. Estes serviços poderiam ser arrematados para terceiros (2).
Em suas anotações sobre “O Sertão da Pedra Branca”, comentando sobre a cidade de Cristina entre os anos de 1850/1880, Luiz Barcelos de Toledo nos diz sobre a iluminação em Cristina o seguinte:
“… Grande parte das ruas são calçadas de pedras; a cidade toda é iluminada a luz elétrica”…, que conforme verificamos eram os lampiões.
A luz elétrica só foi implantada em Cristina a partir de 1906, quando o Agente Executivo (nome dado ao prefeito na época) Francisco José Ribeiro de Sobrinho foi autorizado pela Câmara Municipal de Cristina a “firmar o contrato com qualquer empresa ou particular, para a instalação da luz elétrica, em Cristina, aproveitando para isso a cachoeira do Ribeirão do Bode”. A Câmara deveria nomear uma comissão que cuidaria de verificar o número de postes necessários para a iluminação pública, bem como a instalação de luzes particulares (3).
A cachoeira, entretanto ficava em terras de particulares, tendo sido doada ao município nesse mesmo ano pelo Sr. José Joaquim de Souza Carvalho e sua mulher D. Carolina Maria de Jesus, residentes nesta cidade. Fizeram doação à Câmara Municipal de Cristina, representada por seu presidente Francisco José Ribeiro de Sobrinho, de “uma cachoeira no Ribeirão do Bode, nos subúrbios desta cidade e terrenos na área de 2 hec, na margem esquerda do dito Ribeirão, na situação mais conveniente para instalação de uma usina hydro-elétrica” (4). Seria ali o local da futura usina hidrelétrica construída para gerar energia para a cidade.
Entretanto só em 1910 a construção dessa usina teve início. Nesse ano o Presidente da Câmara ficou autorizado a levantar um empréstimo municipal para ser aplicado na instalação da usina hidrelétrica, servindo por base para a “concorrência a ser aberta, a planta e orçamentos dos Drs. Benjamim Brandão e Bráulio Penna, existentes no arquivo deste município” (5). Foram, portanto esses dois doutores os autores do projeto da usina na Cachoeira da Gruta.
Em 1911, com o início da construção da usina, foi regulamentado o serviço de iluminação tendo, além disso, sido criado o cargo de eletricista (6), devendo esta “ ter o máximo cuidado com os aparelhos hidrelétricos”(7).
Em 1913,com a usina já construída, o Presidente da Câmara ficou “autorizado a mandar fazer instalações elétricas nas entradas principais dos prédios, do lado externo, uma vez que o proprietário ou inquilino requeria”…(8) Ficou também estabelecido que a Câmara Municipal forneceria “ todo o material necessário, inclusive o serviço de instalação, excetuando-se apenas as lâmpadas”, que seriam por conta do mesmo proprietário ou inquilino.
Ainda em 1913 foi afixado o consumo mensal de energia que deveria ser de 35 KW, marcado por um relógio colocado em cada residência (9).
Regulamentação mais completa sobre o consumo de luz foi estabelecida em 1915, por leis que regulavam a instalação, pagamento, serviços do encarregado da iluminação, entre outros (10).
Com o crescimento da população e conseqüente aumento do consumo de energia elétrica, houve necessidade de ampliação da pequena usina existente. Por esse motivo em 1919 o Dr. Fausto Dias Ferraz e sua esposa D. Alzira Ribeiro da Luz Ferraz, residentes em São Paulo, fizeram doação de terrenos do imóvel denominado Cachoeira do Ribeirão do Bode à “Câmara Municipal desta cidade de Christina”, representada por seu presidente Godofredo Pinto da Fonseca, com a finalidade de aumentar a produção da energia hidráulica (11). O registro da escritura do título de doação encontra-se nos seguintes termos: “… A energia hydraúlica de cento e desesseis cavallos, podendo o dito município, pela sua Câmara assentar a turbina desta força no terreno de dois hectares, onde melhor convier, capitar a água do leito do rio necessário para referida turbina desta força, assentar postes e fios, entrar e sair com material necessário para as obras, com entrada e sahida livre do seu pessoal…” “não podendo ser inalienável sem consentimento dos doadores e nem tornado fazer dívida sob pena de ficar sem nenhum efeito a doação”.
A usina foi ampliada no terreno doado pelo Dr. Fausto Ferraz, atendendo então o consumo que se tornara insuficiente devido ao aumento populacional e conseqüentemente aumento do gasto de energia elétrica.
Entre os anos de 1919 a 1935 nenhuma outra modificação relacionada à iluminação elétrica foi constatada pelas pesquisas realizadas.
Em 1935, haviam se estabelecido na cidade diversas empresas que necessitavam de energia elétrica para os seus motores e que, entretanto não possuíam medidores automáticos. O prefeito, através de um decreto (12), estabeleceu que a cobrança de energia elétrica para motores “seria feita mensalmente pela prefeitura, através de taxa fixa estabelecida, conforme a capacidade desses motores”. Ficou também decidido um horário para o funcionamento desses motores, que só poderiam ser ligados na corrente elétrica das 7:00 horas às 10:00 horas da manhã e das 11:00 horas às 17:00 horas do dia. Um dos artigos estabelecia que “Fora desse horário, só poderão ser ligados com autorização da prefeitura”. Quem desrespeitasse tal artigo estaria sujeito a multa.
Também o consumo de energia elétrica em prédios particulares foi regulamentado, ficando estabelecido que os proprietários seriam obrigados a declarar
“o número exato de lâmpadas e até mesmo a capacidade das mesmas em velas” (13), podendo a prefeitura mandar limitar o abastecimento de luz, quando julgasse necessário.
Em 1939 a usina hidroelétrica de propriedade da prefeitura tinha a “potência de 116 cavalos, servido exclusivamente para a força e luz da cidade, sendo consumidos 78 Quilowatts, não existido nenhum Quilowatt disponível. (14).
Comprovando que a usina pertencia à prefeitura municipal encontramos no Livro de Ofícios uma anotação datada de novembro de 1939, respondendo a uma intimação do diretor do Departamento de Assistência aos Municípios que cobrava da Prefeitura a quota de exploração de energia hidráulica correspondente ao exercício de 1936 a 1939.
A essa intimação o prefeito municipal respondeu o seguinte: “ a uzina hydraúlica é de exclusiva propriedade desta Prefeitura e como tal não está sujeita a esse pagamento por se achar devidamente registrada no Ministério da Agricultura, “Serviço de Águas” e ser inconstitucional a cobrança deste imposto, visto que a Constituição da República prohibe expressamente as tributações entre a União, Estados e Municípios.
O imposto, segundo me parece a que estão sujeitos as Prefeituras proprietárias de uzinas hydráulicas, é o de 5% e 10% sobre o consumo de luz e força, respectivamente e este temos recolhido mensalmente e nada devem ao Fisco Federal…(15)”.
Em 1940, devido ao aumento do consumo de eletricidade o prefeito oficiou à Secretaria da Agricultura em Belo Horizonte, nos seguintes termos: “… Tenho a satisfação de informar-lhe que o serviço de eletricidade deste município funciona com regularidade; há necessidade de augmentar o serviço de eletricidade pelo motivo do desenvolvimento da cidade não comportar a capacidade da uzina, o augmento deve ser feito aproveitando a queda da uzina actual, visto que a referida uzina só ocupa a metade de sua queda”…(16).
A reforma da pequena usina só foi feita em junho de 1949, quando foi desmontada para reforma de uma de suas máquinas, durante a gestão do prefeito João Teixeira Pinto.
Em agosto do mesmo ano foi inaugurado um “novo serviço de fornecimento de luz e força a esta cidade”(17) A Cia. Sul Mineira de Eletricidade tornou-se então a responsável pela iluminação pública do município.
Em novembro de 1949 o prefeito extinguiu, do quadro do pessoal da Prefeitura Municipal as funções do chefe do Serviço de Eletricidade(18).
Em 1964, o prefeito Pedro Paulo de Rezende autorizou a doação de terreno pertencente ao Patrimônio, situado abaixo do Santo Cruzeiro, na subida do cemitério, à Cia Sul Mineira de Eletricidade, para instalação da Estação Rebaixadora de Voltagem, obra essa não realizada, tendo sido o terreno revertido ao Patrimônio do Município, por esse motivo, no mesmo ano da doação (19).
A partir de 1970 o fornecimento de energia elétrica para Cristina passou a ser feito pelas Centrais Elétricas de Minas Gerais –CEMIG. O contrato com essa central elétrica foi assinado pelo prefeito Cornélio Alves Ribeiro, em 27 de abril de 1970(20). Essa companhia atua na área até hoje.
1 – Livro de Leis ( 1905 a 1931) Lei n.º 32 de 30/12/1905 Art.2º- Parágrafo I e Art. 4º
2 – Livro de Leis ( I905 a 1931) Art. 4º – Lei n.º 32
3 – Livro de Leis ( 1905 a 1931) Lei n.º 36 de 10/08/1906 Art. I e II
4 – Cartório de Registro de Imóveis – Livro 3 – Registro 783 de 15/04/1906 – Página 186
5 – Livro de Leis ( 1905 a 1931) Lei n.º 63 de 18/04/1910 – art.º ( página 25 e verso) e art. – parágrafo 1
6 – Livro de Leis da Câmara – Lei n.º 66 de 10/01/1911 – Artigos I a VIII
7 – Livro de Leis da Câmara – Lei n.º 71 de 08/09/1911 Art. V – Parágrafo único
8 – Livro de Leis da Câmara – Lei n.º 83 de 10/01/1913 Art. I e II
9 – Livro Registro de Leis ( 1905 a 1931) Lei n.º 84 de 10/01/1913
10 – Livro de Registro de Leis – ( 1905 a 1931) Lei 101 de 12/01/1915
11 – Cartório de Registro de Imóveis – Livro 3 A – Registro 694 de março de 1919 – Página 157
12 – Livro de Registro de Leis n.º1 – Lei n.º 46 de junho de 1949
13 – Livro de Decretos do Executivo – Decretos n.º 30 e 32 – página 13 ss.
14 – Livro de Ofícios 1939 – Ofício 73 – página 15
15 – Livro de Ofícios 1399 – Ofício 114 – página 23
16 – Livro de Ofícios 1939 – Ofício 137 – página 28
17 – Livro de Registro de Leis n.º 1- 1949 – Lei n.º 48 e 50 – página 21
18 – Livro de Registro de Leis n.º 1 – 1949 – Lei n.º 63 – página 26
19 – Livro de Registro de Leis n.º 2 – Lei 459 – página 98
20 Livro de Registro de Leis n.º 3 – Lei 668 – página 105
Construção da Praça Santo Antônio e seus monumentos
Este local onde hoje existe a Praça Santo Antônio, a principal da cidade, era, até o ano de 1907, um largo cercado de casas, sem calçamento, com algumas poucas árvores, e que tinha no seu centro a primitiva Igreja de Santo Antônio. No então Largo de Santo Antônio, ou Largo da Câmara, onde está edificada a Prefeitura Municipal, se localizava o sobrado em estilo colonial onde funcionavam juntos a Câmara, o Fórum e a Cadeia Pública. E, ao lado deste, o Mercado, uma estrutura aberta de madeira, coberta de telhas, onde os tropeiros e habitantes da zona rural comercializavam seus produtos.
A necessidade de modernização da cidade, naquele período, ainda marcada por características notadamente coloniais, imperou na decisão de demolição da igreja a abertura da área para um Jardim Público.Decisão que gerou polêmica junto à população, quase que totalmente católica. Mas que foi acompanhada do ideal de ereção de uma nova igreja, em um terreno mais abaixo, onde hoje está a Praça Francisco da Silva Gorgulho. Lançada a pedra fundamental, o templo acabou sendo construído fora do centro da cidade, acima da Estação Ferroviária.
Dr. Fausto Dias Ferraz, célebre cristinense, advogado, político, membro de uma das mais influentes famílias do Sul de Minas, foi certamente o grande entusiasta da idéia de renovação. A ponto de oferecer À Câmara Municipal o financiamento das obras pretendidas com recursos próprios.
Radicado em São Paulo, presenciava a transformação urbana daquela capital federal, quando o progresso jogava a herança arquitetônica do velho Império ao chão e rasgava avenidas no elegante estilo europeu.
Demolido o templo dedicado ao santo português, já avariado pelos anos, um novo horizonte foi se descortinando no centro desta vetusta cidade…
Duas ruas foram proporcionalmente traçadas a partir das esquinas da Rua Direita (atual Governador Valadares) e da rua Cel. Batista Pinto. Uma delas, estabelecendo ligação, até então feita por uma trilha, com a Rua Conselheiro Joaquim Delfino (atual Olegário Maciel), dando acesso À estrada de ferro. A estas duas ruas a Câmara batizaria com o nome de Avenida Santo Antônio.
Era o primeiro logradouro público de Cristina denominada avenida: outra prova da influência urbanizadora das progressistas capitais.
Foi colocada bem no início do Jardim, voltada para todos os que subiam a ladeira da Estação, esta perfeita escultura de um leão, feita em cimento, cuja procedência e autoria perderam-se no tempo. Em seu pedestal, uma inscrição: “Guarda a cidade”.
Em outro extremo construí-se o coreto, feito em madeira. O Jardim era todo gradeado, tendo um portão de acesso em cada ponta.
Fausto Ferraz custeou todas as obras e o serviço de ajardinamento e de embelezamento deste local, como prometera. E realizou também um sonho que trazia consigo há anos: construir esta herma na qual depositaria os restos mortais de seu irmão, Dr. Silvestre Ferraz, médico e deputado provincial, ex-presidente da Assembléia de Minas, falecido prematuramente e sepultado na antiga capital, Ouro Preto, em 1889.
Silvestre Ferraz fora o grande articulador, junto à Assembléia Legislativa, para que a Estrada de Ferro Sapucaí chegasse a Cristina e Maria da Fé. Celebrizou-se na política regional especialmente por este ato, dentre outros que o elevaram à dignidade de um dos ilustres nomes da rica galeria de cristinenses que se notabilizaram na história.
Quando seus restos mortais chegaram a Cristina, no dia 20 de junho de 1908, trazidos de trem pelo próprio irmão, o monumento ainda não estava concluído. A urna foi recebida com grande solenidade pelo povo da Estação Ferroviária, formando grande préstito que atravessou estas ruas recém abertas, até a residência da família. E, no dia seguinte, foi levada em procissão até a antiga Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, onde, após concorrida cerimônia fúnebre, ficou depositada.
A data para a inauguração oficial, tanto da herma como da obra de remodelação de centro da cidade, não foi, certamente, escolhida por acaso: 15 de novembro de 1908, 19º aniversário da proclamação da República. A mesma República da qual Silvestre Ferraz fora ferrenho partidário em sua vida política.
A confecção da coluna de granito, artisticamente trabalhada, com 1,60 m de altura, foi encomendada por Dr. Fausto ao arquiteto Antonio Lomgobardi. O busto do homenageado, em bronze, foi obra do escultor A. Zani. Ambos estabelecidos em São Paulo.
A inauguração ocorreu com a nova Avenida Santo Antônio coberta por arcos e flores, ao som da banda de música.
Após a celebração de uma solene missa na matriz, às 11 horas da manhã, outro cortejo conduziu os restos mortais do cristinense homenageado até esta herma, já toda ajardinada.
Dr. Fausto e sua mãe, a matriarca D. Ana Leonízia de Castro Ferraz, à frente dos demais familiares, das autoridades e de todo o povo presente, assistiram ao encerramento da urna de mármore no compartimento subterrâneo, existente abaixo do monumento.
Descerraram-se as placas alusivas ao ato, dentre elas, a que transcreve um poema dedicado ao falecido Dr. Silvestre pelo irmão.O monumento foi coberto por coroas de flores. Ouviram-se discursos enaltecendo a figura do homenageado e também a obra tão importante para a cidade, que ainda começava a respirar os ares do século XX.
Algum tempo depois, a família transferiu do Cemitério Paroquial para esta cripta também os restos mortais do Cel. Silvestre Dias Ferraz, pai de Silvestre, Fausto e irmãos, falecido no ano de 1907.
Anos mais tarde, na década de 20. o Jardim Público passou por sua primeira reforma. A Câmara \Municipal contratou o escultor português Francisco da Silva Reis, conhecido por “Chico Cascateiro”, para a realização de obras de embelezamento. Foi quando a estátua do Leão ganhou os adornos que a compõe.
“Chico Cascateiro” também foi o autor da fonte, que se eternizou pelo singelo nome de “Peixinho”, e pelos bancos imitando madeira. Nesta época, foram retiradas as grades e os portões.
Ainda hoje, podemos observar um pequeno pedaço remanescente daquele gradil, e uma folha de um dos portões, bem aqui ao lado, À entrada da residência do casal Walter Boschi e Miriam Noronha Rezende Boschi.
Na década de 30, os dois lados da Avenida Santo Antônio foral calçados com paralelepípedos. E a praça sofreu mais modificações, com a demolição do primitivo coreto e a abertura de duas pequenas travessas, cortando a sua extensão ao meio.
Assim é que o velho Jardim Público de Cristina, com o monumento do Leão, tão lendário, e a herma de Silvestre Ferraz, e, mais tarde, a fonte do “Peixinho” ladeada pela Avenida Santo Antônio, foi fazendo história. Jardim que, com o passar dos anos, tomou o nome de Praça Santo Antônio, carinhosamente conservado pelos cristinenses, e que se transformou em um centro vital, no próprio coração desta terra.
Coração que bate vibrantemente há um século, congregando em torno de si, incessantemente, gerações e gerações que passam, cada uma deixando seu registro, na construção da história da Cidade Imperatriz!
Coronel Albertino Dias Ferraz 1923/1927
Albertino Dias Ferraz nasceu na Fazenda Sesmaria, município de Cristina, no dia 2 de agosto de 1859. Era o nono filho do Cel. Silvestre Dias Ferraz e de Ana Leonízia de Castro Ferraz. “Bertico”, apelido pelo qual sempre foi conhecido, cresceu na Sesmaria até que, com 14 anos acompanhou os pais e irmãos na mudança para outra fazenda: A Boa Vista, então adquirida pelo Cel Silvestre.
Os primeiros estudos foram feitos, provavelmente em casa, com professor particular, costume muito comum na época. Casou-se no dia 13 de maio de 1882 na fazenda Três Barras, em Carmo do Rio Verde (depois Silvestre Ferraz, atual Carmo de Minas), com Gabriela Clara Ribeiro Junqueira. Ficou viúvo muito cedo, com os sete filhos que teve.
Herdando a sede da Fazenda Boa Vista, adquiriu de alguns irmãos outras partes recebidas por eles, consolidando a posição de uma das mais prósperas propriedades rurais locais. Pouco a pouco, foi constituindo um sólido patrimônio, adquirindo outras fazendas espalhadas pelo município: Pedra, Sete de abril, Serra, Ponte Funda, Macaco e ainda, a Chácara do Rosário, no subúrbio da cidade.
Dentre as muitas atividades que desenvolveu, destacaram-se as culturas de café, milho e fumo, além da criação de bovinos, suínos e eqüinos. Construiu próximo a antiga estação ferroviária de Cristina o primeiro depósito de café da cidade.
Figura respeitada em toda a região, principalmente por causa de seu espírito empreendedor, marcado pela franqueza e pela honestidade, logo entrou para a política, elegendo-se inúmeras vezes vereador. Por volta de 1910 recebeu do Exército Brasileiro a patente de Coronel da Guarda Nacional, título outorgado somente a pessoas de destaque na época.
Em 1922, participou como criador da Exposição do Centenário da Independência do Brasil no Rio de Janeiro, onde um porco de sua propriedade, da raça Canastrão, atingiu o peso de 30 arrobas. Neste mesmo ano foi eleito Agente Municipal de Cristina, nele permanecendo até o mandato de 1927.
Foi proprietário do primeiro automóvel de Cristina, um Ford “Bigode” ano 1929, deixava-o em dias em de festas na porta do Clube, franqueado ao uso dos jovens. Foi um grande líder Cristinense, participando dos destinos de sua terra natal até seu falecimento, em 22 de setembro de 1946.
Os vereadores do mandato de 1923, de Albertino Dias Ferraz como Agente Executivo foram: Godofredo Pinto da Fonseca, Cônego José Augusto Leite, Francisco Modesto de Oliveira, Alfredo Alves Pereira, José Bruno de Negreiros, Custódio Theodoro Ribeiro de Carvalho, João Bueno de Azevedo, Antônio Paula de Souza Júnior, João José Batista Ferrer, Antônio Cândido Toledo.
Os vereadores de 1927 do mandato de Albertino Dias Ferraz foram: Godofredo Pinto da Fonseca, Pedro Carneiro de Rezende, Dr. José Rezende Ferraz,, José Luiz dos Santos, Francisco Modesto de Oliveira, João José Baptista Ferrer, Francisco Baptista de Oliveira,, Antônio Cândido de Toledo, João Baptista da Fonseca ( Livro de Posse de Empregados- página 47 verso).
Obras realizadas em seu governo:
- Durante seu governo, instituiu a coleta de lixo na cidade;
- Abriu estradas, como, por exemplo, a que dá acesso à cidade, através da Graminha;
- Ocupou a presidência do Clube Literário e Recreativo Cristinense, posição na qual permaneceu por quase 20 anos. Apreciador da juventude era assíduo freqüentador da associação, pela qual muito fez, sendo o responsável pela construção de sua sede própria, na década de 30. Para ampliar seu quadro social, muitas vezes pagava “jóias” para a entrada de novos sócios.
- Pedro Cândido de Rezende 1927 – 1930
- Antônio Cândido de Toledo 1930 – 1935
- João Bueno Mendonça de Azevedo 1935 e 1946 -1947
João Bueno Mendonça de Azevedo nasceu em São Gonçalo do Sapucaí, em 8 de outubro de 1880. Seu pai Cel. Francisco de Paula Bueno de Azevedo, nascido em Cristina, além de proprietário de uma fazenda naquele município era também Chefe dos Correios.
Já a mãe, Júlia Drummond Furtado de Mendonça Azevedo, nascera em Piraí (RJ), sendo irmã do poete Lúcio de Mendonça, e fundador da Academia Brasileira de Letras, e do Embaixador Salvador de Mendonça. O casal tinha ao todo, seis filhos.
O trabalho do pai fez com que a família transferisse seu domicílio saindo de São Gonçalo de volta à Cristina, onde já haviam residido, e depois para Campanha, de onde partiram em 1888 para a então capital de Minas Gerais, Ouro Preto, quando “Chico Tristão” , como era mais conhecido, foi nomeado Administrador Geral da repartição.
Os estudos do menino João foram, dessa maneira, realizados nestas cidades por onde passou. Começou a trabalhar muito cedo nos Correios e mais tarde, na construção da nova capital, Belo horizonte.
Desde esta época, já revelava o gênio forte e decidido que o caracterizava, o que ficou mais do que evidente quando aos 20 anos de idade, enfrentando resistência da própria família em razão de sua idade, casou-se na Parada de Santa Catarina (Atual Olímpio Noronha), com Gildeta Nogueira, sua companheira por cerca de 60 anos.
Deste casamento nasceriam 5 filhos. Fixou-se, então, no Sul de Minas, dedicando-se ao comércio e seguindo os passos de seu irmão Gastão Bueno Mendonça de Azevedo (daí surgiu o apelido “João Gastão”).
Em 1905 abriu em Cristina a Casa Esperança, instalada no sobrado onde morou por toda a sua vida. Era uma loja de secos e molhados, como se dizia, que também chegou a oferecer os serviços de representação de algumas instituições bancárias. Juntamente com o irmão e o amigo José Francisco Barbosa, foi proprietário do Cinema São Pedro, o primeiro de Cristina. Fundou, ainda, o extinto Clube Vera Cruz.
Foi também Delegado de Polícia. Herdando do pai o gosto pela política, elegeu-se vereador junto à Câmara Municipal de Cristina durante três décadas ininterruptas. Em 1936, candidatou-se à Prefeitura pelo Partido Popular “Benedito Valadares”, saindo vencedor do pleito indireto.
Ocupou o cargo de Prefeito por pouco mais de um ano, pois o golpe do Estado Novo, encabeçado pelo Presidente da República Getúlio Vargas, destituiu todos os integrantes dos poderes Executivo e Legislativo.
Com o fim do período ditatorial, foi reconduzido ao cargo em 1947, até as novas eleições, quando disputou o cargo de vice Prefeito na chapa de Ibrahim Pinto da Fonseca, não conseguindo eleger-se desta vez.
Afastou-se da vida pública, nunca deixando, entretanto, a política partidária do município. Faleceu em 31 de outubro de 1960, dois anos após ter perdido sua esposa.
Prefeitos – Estado
Dr. José Rezende Ferraz 1937 / 1944 / 1945 / 1946
Advogado dos mais respeitados e político da larga envergadura cívica Foi um dos deputados à Constituinte de Minas Gerais em 1935.
Dr. Gastão de Azevedo 1946
Gastão de Azevedo Filho era o segundo, de um total de sete filhos nascidos do casamento de Gastão Bueno de Mendonça Azevedo e Maria Conceição Azevedo, mais conhecida como “Siá Maricas”.
Nasceu em Cristina no dia 9 de outubro de 1900, residindo com a família por algum tempo na Parada de Santa Catarina (atual Olímpio Noronha), e depois, em Conceição do Rio Verde, devido as necessidades do trabalho de seu pai , que era representante da firma Dias Ramalho, sediada no Rio de Janeiro.
Retornando à terra natal, aqui cresceu, fazendo seus estudos primeiramente com a celebra professora Dalila de Araújo, sua prima em segundo grau, e depois, no antigo Ginásio de Cristina. Com o término da Primeira Guerra Mundial, a epidemia de gripe espanhola espalhou-se, chegando a Cristina e fazendo várias vítimas fatais, dentre elas seu pai.
A morte deixou a família em dificuldades financeiras, o que, entretanto, não impediu que sua mãe o enviasse ao Rio, para ingressar na Faculdade de Medicina, desejo este que sempre foi manifestado pelo marido. E, a duras penas, o jovem “Gastãozinho” concluiu em 1925 se curso, destacando-se em meio à turma por seu desempenho. O diploma, entretanto, só pode recebe-lo mais tarde, quando com o dinheiro ganho por seu trabalho, pode pagar a colação de grau.
Retornando à casa, clinicou durante pouco mais de uma ano em Pedra Branca (atual Pedralva), estabelecendo-se depois definitivamente em Cristina. Aqui, dedicou-se especialmente ao atendimento infantil, formando uma grande clientela, não só no município, como da região vizinha.
À população de menor poder aquisitivo e de menor instrução, dedicava uma atenção ainda maior, ensinando noções de higiene doméstica, em uma época na qual isto era quase desconhecido da maioria da população.
Não tinha hora nem local para o atendimento, que era feito, muitas vezes, de graça. Tornou-se conhecido por seu amor ao trabalho, por seus diagnósticos infalíveis e por sua cultura.
Apesar de receber vários convites para estabelecer-se em centro maiores, nunca quis deixar sua terra e sua família. Na década de 30, passou a atender também a Santa Casa de Misericórdia, onde foi Provedor, promovendo uma grande campanha para equipá-la. Na política, foi membro do Conselho Consultivo, criado por Getúlio Vargas para substituir as Câmaras de Vereadores, extintas com o Estado Novo, e, mais tarde, Vereador por duas legislaturas, sendo um dos líderes do PSD local.
Em 1946, foi nomeado Prefeito pelo Interventor Federal de Minas Gerais, Noraldino de Lima, permanecendo no cargo até princípio de 1947, quando se restabeleceu o regime democrático no Brasil. Após o falecimento da mãe, continuou vivendo com suas irmãs, Maria (Micota) e Geralda, sempre em sua velha casa no Largo do Chafariz, onde ficava o consultório.
O mal da diabetes começou a trazer-lhe problemas de saúde, obrigando-o a refrear seu ritmo de trabalho, ainda que mantivesse sua clientela, e afastando-o da vida política. Faleceu em 27 de janeiro de 1968, respeitado e querido pela população cristinense, e vivendo somente de sua aposentadoria, visto que, por seu espírito desprendido e abnegado, nunca utilizou da medicina como enriquecimento ou projeção pessoal.
Mário Carneiro Paraguai 1947
Dr. Gastão de Azevedo (2 meses) 1947
João Bueno Mendonça de Azevedo 1947
Fonte: http://cristina.mg.gov.br/?page_id=713